sexta-feira, 27 de março de 2015

Indicador Financeiro – IBC

Continuaremos com a sequência de posts financeiros...



IBC  Índice Benefício/Custo




Algumas vezes uma instituição apresenta alternativas de investimento que devem ser avaliadas, devido a escassez de fundos para investimento.

O Índice de Benefício/Custo (ou ainda, Índice de Lucratividade) é a relação de quanto se espera ganhar para cada unidade de capital investido. Este índice é uma razão simples entre o Fluxo Esperado de Benefícios de um projeto e o Fluxo Esperado de Investimentos necessários para realizá-lo. Portanto deve ser calculado com a seguinte equação:

IBC = (Somatório do Valor Presente do Fluxo de Benefícios / Somatório do Valor Presente do Fluxo de Investimentos)

Se o IBC encontrado for maior do que 1, significa que o projeto deve continuar sendo analisado, pois gera alguma riqueza ao investidor.


Voltando ao exemplo da análise da proposta de aquisição de um novo torno digital pelo engenheiro-chefe (ver post sobre o VPL), temos:
- Valor presente do fluxo de benefícios: R$59.812,24 (somatório do valor presente das ocorrências financeiras)
- Valor presente do fluxo de investimentos: R$50.000,00

Para calcular o IBC basta executar a operação: R$59.812,24 / R$50.000,00 = 1,196.

O valor obtido de 1,196 significa que: para cada R$1,00 imobilizado no investimento espera-se retirar R$0,196 adicionais (quase vinte centavos) ao término do período de investimento.


Vamos a outro exemplo!

Das alternativas abaixo, analise a melhor proposta de investimento:



Aparentemente, a Proposta "A" é a melhor devido ao maior VPL, mas, como cada proposta de investimento possui valor de investimento diferente, o investimento mais rentável pode ser encontrado através da comparação do IBC de cada proposta:



Assim, podemos afirmar que:


  • O IBC obtido no cálculo da Proposta "B", igual a 1,06, significa que para cada R$1,00 imobilizado no investimento, espera-se retirar R$0,06 adicionais (maior que os R$0,03 e R$0,04 das Propostas "A" e "C").


  • Então, a Proposta "A", apesar de possuir o mais alto VPL, não possui a maior rentabilidade.



É sempre bom lembrar-se que:

  • Os recursos são sempre limitados - se temos a opção de investir pouco e ter o retorno igual ao retorno de outra opção que precisa de maior investimento, então, a primeira opção é a mais rentável.


  • Estamos fazendo “apenas” uma análise financeira - pode ser que a Proposta "A", mesmo não sendo financeiramente a mais rentável, seja a escolha de sua instituição, como exemplos: por cumprir uma determinada ação do Plano Estratégico Institucional ou por ser uma estratégia de entrada em um novo mercado.


REFERÊNCIAS






Abraços e até o próximo post financeiro...

segunda-feira, 23 de março de 2015

Indicador Financeiro – VPL


Continuando a série de posts sobre indicadores financeiros, hoje será apresentado o Valor Presente Líquido.


VPL  Valor Presente Líquido



O VPL faz parte de um dos modelos de análise econômico-financeira mais utilizados para se avaliar investimentos em termos financeiros, o Fluxo de Caixa Descontado (FCD). Sem ainda aprofundar muito no conceito, o VPL é uma metodologia utilizada para se analisar financeiramente um investimento (uma nova oportunidade de negócio ou de investimento, decidir entre projetos ou avaliar uma redução de custo).


Como esta técnica leva em consideração o valor do dinheiro no tempo (desconta o fluxo de caixa a uma determinada taxa mínima de atratividade - custo de oportunidade ajustado ao risco do ativo), para se calcular o VPL precisamos projetar o Fluxo de Caixa (FC), com suas entradas (benefícios) e saídas (investimentos), como no diagrama acima, proporcionando uma visão macro e objetiva das entradas e saídas de caixa esperadas com a realização do investimento que está sendo analisado. Para compor o FC, precisaremos obter as entradas e saídas financeiras geradas pelas operações de uma empresa (receitas, custos, despesas administrativas, etc – relaciona-se com a demonstração de resultados, o DRE); as entradas e saídas de financiamento (obtenção de recursos e liquidação de obrigações com investidores/bancos); e as entradas e saídas de investimentos (aquisição de novo equipamento ou de uma empresa, capital de giro, pesquisa e desenvolvimento, etc).

Já sabemos que existe um custo do dinheiro no tempo, isto é, se você não utilizá-lo para nada e deixa-lo debaixo do colchão, ele não te beneficiará (pelo contrário, será reduzido), enquanto que, se você o colocar em uma caderneta de poupança, você obterá um benefício futuro: este conceito é conhecido como Custo de Oportunidade, que, em adição aos fatores Risco e Liquidez, identifica a Taxa Mínima de Atratividade – TMA. Assim, a TMA “representa o mínimo que um investidor se propõe a ganhar quando faz um investimento, ou o máximo que um tomador de dinheiro se propõe a pagar quando faz um financiamento”. Note que não há um valor específico para a TMA, pois varia pelo tipo de investidor (que pode possuir um perfil “risk taker” ou um perfil “risk avoider”), assim, é uma taxa inerente (pessoal e intransferível) ao perfil do investidor.


Exemplo - Empréstimo:


Se você emprestar R$1.000,00 para um amigo e ele te de devolver os mesmos R$1.000,00 após um mês, você perdeu, no mínimo, o custo da oportunidade de ter seu dinheiro rendendo na poupança. Suponhamos que a poupança lhe renda 1% ao mês, então esta deverá ser a taxa menos extorsiva possível, fazendo com que você ainda mantenha sua finança (R$1.010,00) e a amizade íntegras.


Mas você pode não confiar muito no amigo e adicionar um risco ao custo da oportunidade, adicionando à taxa anterior o risco de 15% (0,01% + 0,15%=16%), criando a sua própria TMA que o fará aumentar sua finança no decorrer do tempo (R$1.160,00) e, provavelmente, reduzir suas amizades...


Assim, para calcular o VPL, como já falado no post sobre VP e VF, não podemos comparar valores em tempos diferentes devido ao custo do dinheiro no tempo, então precisamos trazê-los para um ponto único na linha do tempo, neste caso, para o Valor Presente. Fazemos isto descapitalizando o FC, pela TMA definida pelo investidor e subtraímos o valor inicial do investimento, aplicando a fórmula:


Onde podemos identificar:
FC0 = Investimento Inicial
FCj = Fluxo de Caixa esperado em determinado período
TMA = Taxa Mínima de Atratividade
j = período do fluxo

Vamos a um exemplo: Um investimento com um aporte inicial de R$900,00 e o fluxo de caixa abaixo é rentável com a TMA 3% aa?

A partir do desenho do fluxo de caixa, vamos iniciar a análise:


Como já possuímos todas as entradas e saídas financeiras, precisamos trazer todas estas 10 ocorrências financeiras (que acontecem em momentos diferentes) para o mesmo t0 (VP) para, enfim, analisarmos se este é um bom investimento, em outras palavras, vamos calcular o FCD:

VPL = -900 + 110/(1,03)1 + 120/(1,03)2 + 130/(1,03)3 + 120/(1,03)4 + 110/(1,03)5 + 130/(1,03)6 + 130/(1,03)7 + 110/(1,03)+ 120/(1,03)9 + 120/(1,03)10

VPL = -900 + 106,80 + 113,11 + 118,97 + 106,62 + 94,89 + 108,87 + 105,70 + 86,84 + 91,97 + 89,29

VPL = 123,05

Como o VPL obtido por este FCD é maior que 0, isto significa que o projeto consegue recuperar o investimento inicial, remunera também o que teria sido ganho se o capital para esse investimento tivesse sido aplicado na TMA (3% aa) e ainda sobram, em valores monetários atuais R$123,05, que é o excesso de caixa gerado pelo investimento, isto é, acrescenta riqueza ao investidor, assim sendo, se o VPL fosse < 0, o investimento consumiria riqueza do investidor. Portanto, podemos continuar avaliando o investimento, pois, provavelmente, é lucrativo.

NOTA: Para que seja considerado um investimento atrativo, o somatório do Valor Presente das ocorrências do fluxo esperado deverá ser maior que o valor do investimento inicial:
∑ (VP[Fluxo Esperado]) > Investimento Inicial


Exemplo - Avaliação de investimento:


Para fixar, vamos a outro exemplo. O engenheiro-chefe de uma fábrica de parafusos considera adquirir um novo torno digital que aumentará a produção durante os seus 5 anos de vida útil. A máquina custará R$50.000,00 e acrescerá anualmente ao fluxo de caixa o valor de R$20.000,00. A diretoria só irá aprovar a aquisição se tiver 20% de retorno sobre o investimento. Será que é viável a compra desta nova máquina?

Vamos, primeiramente, desenhar o fluxo de caixa:


Agora, vamos calcular o VP de cada ocorrência financeira no fluxo de caixa, definindo o nosso FCD:

VP t1 = 20000 / 1,2 ^1 = 16.666,67
VP t= 20000 / 1,2 ^2 = 13.888,89
VP t= 20000 / 1,2 ^3 = 11.574,07
VP t= 20000 / 1,2 ^4 = 9.645,06
VP t= 20000 / 1,2 ^5 = 8.037,55

E, para finalmente se obter o VPL do investimento, acumule todos os períodos do FCD e faça a subtração do valor inicial do investimento:

VPL = -50.000 + 16.666,67 + 13.888,89 + 11.574,07 + 9.645,06 + 8.037,55

VPL = 9.812,24


Portanto, como o VPL é positivo, a rentabilidade recupera o investimento inicial e cobre a TMA solicitada pela diretoria da fábrica, então, esta aquisição é financeiramente viável.



REFERÊNCIAS




Abraços e até o próximo post financeiro...

quinta-feira, 19 de março de 2015

Indicador Financeiro – VP e VF


Vamos falar um pouco sobre matemática financeira, disciplina extremamente importante na avaliação de um investimento ou na opção entre investimentos, pois nossos recursos são sempre limitados e devem ser muito bem aproveitados...



Indicadores Financeiros


Um dos modelos de análise econômico-financeira mais importantes e utilizados para realizar a avaliação de investimento, em termos financeiros, é o modelo de Desconto de Fluxo de Caixa ou Fluxo de Caixa Descontado, que representa a análise, no valor presente (VP), dos fluxos de caixa futuros líquidos gerados (VF). A partir deste modelo vários indicadores financeiros poderão ser utilizados, como o VPL, a TIR, o IBC, o ROI, o Payback e o Ponto de Fisher.

Por ser um post não acadêmico e especificamente prático, não traremos a foco a discussão sobre as limitações do modelo de Fluxo de Caixa Descontado (estimativas falhas de fluxo de caixa), o risco de uma alternativa de investimento (estimativas falhas do risco e do custo da oportunidade embutidos na TMA), etc.

Ressaltamos que realizar um investimento (ou fazer a opção entre alternativas de negócio) infere em indisponibilizar algum recurso, durante determinado período de tempo, com o objetivo de aumentar a riqueza de sua instituição – que já definiu seu apetite por risco e conta com você para realizar a análise em vários indicadores ter certeza de que está tomando o melhor caminho!


Futuramente, falaremos em detalhes sobre cada um deles:
VP – Valor Presente: é a ocorrência de um fluxo de caixa no momento atual; é a ocorrência de um fluxo de caixa em um período futuro, mas trazida para o momento atual por uma taxa.
VF – Valor Futuro: é a ocorrência de um fluxo de caixa em um momento futuro; é a ocorrência de um fluxo de caixa no momento atual, mas levada a um período futuro por uma taxa.
VPL – Valor Presente Líquido: é a riqueza a ser gerada em períodos futuros trazidas a valores atuais por uma taxa.
TIR – Taxa Interna de Retorno: taxa que representa a rentabilidade do investimento.
ROI – Retorno sobre o Investimento: é o percentual de retorno sobre o investimento.
IBC – Índice Benefício/Custo: representa a relação entre o valor presente das entradas e o das saídas de caixa.
PPD – Período de Payback Descontado: É o tempo de recuperação do investimento.
PF – Ponto de Fisher: é a taxa mínima de atratividade que iguala o VPL entre dois investimentos.

Vamos começar entendendo o básico... o valor presente e o valor futuro.


VP – Valor Presente


Para esclarecer alguns conceitos financeiros precisamos partir de algumas premissas:

- Certa quantia de dinheiro, hoje, vale mais que a mesma quantia de dinheiro amanhã. Por quê? Porque com dinheiro nós podemos ganhar dinheiro! O mínimo que você pode fazer é depositá-lo em uma caderneta de poupança e aguardar pelo rendimento ao final de um determinado período (não vamos trabalhar o conceito de inflação) – isto também é chamado de Custo da Oportunidade.

- Analisando a afirmativa acima, inferimos que não podemos comparar valores em tempos diferentes. Para comparar um valor presente (VP) com um valor futuro (VF), levamos o VP até o mesmo tempo de VF ou, o mais usual, trazemos o VF ao mesmo tempo do VP. Pode parecer confuso, mas rápido se elucidará.

Vamos esclarecer utilizando um exemplo numérico prático:

Se você aplica R$1.000,00 em um investimento, rendendo 10% de juros aa (ao ano), ao final de 1 ano você terá R$1.100,00.

Valor Presente (VP) = R$1.000,00
Valor Futuro (VF) = R$1.100,00 => transcorrido o período de 1 ano e com juros de 10% aa.


Assim sendo, o Valor Presente de R$1.000,00, após 1 ano e com juros de 10% aa, equivale ao Valor Futuro de R$1.100,00:

R$1.000,00 em t0 = R$1.100,00 em t1 (com a devida incidência dos juros).


VF – Valor Futuro


Vamos continuar explorando o exemplo anterior, mas, agora, estendendo o período de investimento para 3 anos consecutivos:


Fazendo uma correlação entre o Valor Futuro e o Valor Presente, podemos afirmar que:
R$1.100,00 no próximo ano (VFt1) tem o mesmo valor que R$1.000,00 hoje (VPt0);
R$1.210,00 nos próximos 2 anos (VFt2) tem o mesmo valor de R$1.000,00 hoje (VPt0);
R$1.331,00 nos próximos 3 anos (VFt3) tem o mesmo valor de R$1.000,00 hoje (VPt0).

Deste modo, verificamos que o Valor Futuro é assim calculado:
VFt1: 1000 x (1 + 0,1) ,’, VP x (1 + i)
VFt2: 1000 X (1 + 0,1) x (1 + 0,1) ,’, VP x (1 + i) x (1 + i)
VFt3: 1000 X (1 + 0,1) x (1 + 0,1) x (1 + 0,1) ,’, VP x (1 + i) x (1 + i) x (1 + i)

Perceba que o multiplicador do VP se repete a cada ciclo para ocorrer a incidência de juros, então, simplificando este multiplicador e considerando “n” a quantidade de períodos de incidência de juros, chegamos à fórmula do Valor Futuro:
VF = VP . (1 + i)n

NOTA: esta também é a fórmula dos juros compostos (quando os juros são incorporados ao principal ao final de um período): Montante = Principal x (1 + taxa)qtd períodos

Para se descobrir a fórmula do Valor Presente, precisamos apenas isolar o VP na mesma fórmula do VF:
VP = VF / (1 + i)n

Vamos pegar o primeiro exemplo e trazer o Valor Futuro de t3 até t0, utilizando a mesma taxa de 10%:
VP = 1331 / (1 + 0,1)3
VP = 1331 / 1,331
VP = 1000


Foi fácil, não foi? Mas até o momento só fizemos um aporte inicial (VP) e aplicamos a incidência da taxa (i) a cada período para gerar os valores futuros (VF). No próximo post da sequência, vamos calcular o VP com aportes de valores variados e em tempos diferentes.



REFERÊNCIAS




Abraços e até o próximo post financeiro...

segunda-feira, 16 de março de 2015

Mapeamento de Processos com BPMN e Bizagi

Este post será bem diferente dos outros, serão disponibilizados documentos para apoiar a capacitação em mapeamento de processos de trabalho e será brevemente apresentado um esclarecimento sobre a vantagem de uma instituição possuir os processos mapeados... vamos lá!


Mapeamento de Processos com BPMN e Bizagi




Os processos são formas de documentar as atividades de trabalho nas instituições, registrando o fluxo das rotinas e de ações forma visual, prática e padronizada, agregando valor ao negócio. A partir destes processos de trabalhos mapeados, podemos executar, monitorar, controlar e evoluir ciclicamente para alcançar resultados melhores.



Algumas definições para Processos:

  • É uma sequência de tarefas (ou atividades) que ao serem executadas transformam insumos em um resultado com valor agregado. (Wikipedia).
  • É um grupo de atividades realizadas numa sequência lógica com o objetivo de produzir um bem ou serviço que tem valor para um grupo específico de clientes. (Hammmer e Champy, 1994).
  • É qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ele e fornece um output a um cliente específico. (Gonçalves, 2000, p. 7).
  • É a ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com um começo, um fim, entradas e saídas, claramente identificadas, enfim, uma estrutura para ação. (Davenport, 1998).



Uma das maiores vantagens de se ter os processos de negócio bem documentados é a de se alcançar os objetivos estratégicos da instituição com transparência, produtividade, integração, compatibilidade, responsabilização, efetividade, aderência, monitoramento, controle  e evolução crescentes, refletindo em aumento da maturidade da instituição!

Sem um processo definido, você não conseguirá medir a qualidade de um serviço prestado e, sem uma medição, não haverá maturidade ou mesmo evolução!



Material de Aprendizado


Para apoiar o aprendizado no mapeamento de processos, disponibilizo um conjunto de documentos, preparados pelo TCU, com quatro aulas e até mesmo um caderno de exercícios:







Guia de Referência Rápida


Ao iniciar seu primeiro mapeamento de processo de trabalho no Bizagi, a necessidade de acessar a documentação básica será frequente, portante, facilite o aprendizado com o uso dos seguintes guias rápidos:




Padronização


De nada adianta sua instituição estar documentada mas sem um padrão de referência que a mantenha uniforme, com as mesmas regras para a nomenclatura e para o desenho dos fluxos dos processos, facilitando a compreensão de todos os stakeholders. Assim sendo, você pode basear-se no padrão definido pela SEGPLAN (Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento) para apoiar na definição de seu próprio padrão de mapeamento de processos:




REFERÊNCIAS




Até o próximo post...

quinta-feira, 12 de março de 2015

Maturidade no Processo de Gestão de Riscos Corporativos


Logo após a apresentação do tema Gerenciamento de Riscos, neste post o foco será a maturidade no Processo de Gerenciamento de Riscos. Vamos lá!



Obtendo a maturidade na Gestão de Riscos Corporativos


Este post foi produzido com base em dois documentos importantes: um relatório produzido pela Aon Risk Solutions que mostra o problema de falta de maturidade em instituições e um questionário produzido pelo Gartner usado na avaliação de maturidade da gestão de riscos de uma instituição.

Vamos iniciar apresentando brevemente o relatório, com mais de 500 respondentes, sobre maturidade em gestão de riscos, que apresenta o seguinte resultado (acumulando os níveis de maturidade intermediários ao nível imediatamente anterior):


  • 13,9% das empresas no nível 1 (Inicial): as atividades integrantes e associadas têm uma abrangência muito limitada, e podem ser implementadas ad-hoc para abordar riscos específicos.
  • 36% das empresas no nível 2 (Básico): as atividades integrantes e associadas têm uma abrangência muito limitada, e podem ser implementadas ad-hoc para abordar riscos específicos.
  • 35,2% das empresas no nível 3 (Definido): capacidades suficientes para identificar, medir, gerenciar, comunicar e monitorar os principais riscos; políticas e técnicas definidas e utilizadas (talvez de forma inconsistente) em toda a organização.
  • 14,1% das empresas no nível 4 (Operacional): competência consistente para identificar, medir, gerenciar, comunicar e monitorar riscos; aplicação consistente de políticas e técnicas em toda a organização.
  • 0,8% das empresas no nível 5 (Avançado): competência bem desenvolvida para identificar, medir, gerenciar, comunicar e monitorar riscos em toda a organização; o processo é dinâmico e tem possibilidade de ser adaptado a riscos em transformação, e a diferentes ciclos dos negócios; consideração explícita dos riscos e da gestão de riscos nas decisões da diretoria.

Podemos ver que cerca de 50% das empresas respondentes ainda estão abaixo de um nível de maturidade de gestão de riscos suficiente e consistente e que apenas 0,8% de empresas respondentes possuem competência bem desenvolvida na instituição!


Agora que o problema já foi apresentado, qual é o nível de maturidade em gestão de riscos de sua instituição? Saiba que para alcançar a maturidade é necessário subir degrau por degrau, só avançando ao próximo quando se estiver completamente estável no nível atual.


Abaixo, segue uma relação de necessidades, gerada a partir do questionário de avaliação maturidade em riscos, que define uma gestão de riscos corporativa bem estruturada e eficiente.


1. A responsabilidade das diretrizes de governança de risco

board (Alta Direção) deve ser responsável pelo estabelecimento das diretrizes e políticas de governança de risco, definindo, também, o seu apetite por riscos. Em instituições com níveis de maturidade menores, esta responsabilidade pode estar com funcionários, com comitês técnicos, sem o envolvimento de responsáveis pelo negócio, etc.


2. A prestação de contas final para a gestão do programa de risco de TI

Esta prestação de contas final deve se estender até o board da instituição, responsável direto pela definição das diretrizes de risco. Em instituições com níveis de maturidade menores, esta prestação de contas não chega até a Alta Direção.


3. A formalização de comitê de direção de risco ou conselho consultivo de risco

A instituição precisa ter estabelecido formalmente um comitê para atuar no processo de gestão de riscos, deve ser composto por representantes de TI e por representantes de negócio.


4. A atualização do board sobre o status do programa de gerenciamento de riscos

Em instituições com alto nível de maturidade o board é informado pelo menos a cada 3 meses ou quando ocorrer alguma mudança de impacto no cenário de riscos.


5. A caracterização do escopo da função de gerenciamento de riscos

O escopo deve ser corporativo e abrangente, contemplando desde a parte operacional do negócio, o crédito, o risco de mercado apresentado, até o risco da cadeia de suprimentos, o risco de segurança e privacidade, de segurança da informação e de outros riscos técnicos.


6. Os domínios de risco formalizados dentro do programa de risco global

A instituição madura deve possuir, formalizado, o processo de gerenciamento de riscos para as disciplinas crédito/mercado, vendas, segurança de TI, continuidade de negócios, legal/regulatório, riscos de TI, operacional, de projetos, de privacidade e da cadeia de fornecedores.


7. Detalhamento do grau de planejamento e orçamento para o programa de risco

Iniciativas de estratégia do programa devem ser desenvolvidas em torno direcionadores técnicos (novas ameaças, novos produtos técnicos, etc.); A estratégia do programa deve abranger as metas e restrições do negócio suportado; O programa de gestão de risco deve ser impulsionado por requisitos de conformidade e por auditorias; Projetos de risco ou projetos de mitigação devem possuir cronograma e orçamento; Os investimentos em tecnologia devem estar ligados a objetivos estratégicos de longo prazo e a business cases individuais.


8. O detalhamento da forma de condução

Reuniões devem ser realizadas para avaliar o progresso, discutir o status do programa de risco e fazer os ajustes necessários; Projetos de risco ou projetos de mitigação devem ser revistos para garantir a conformidade com o orçamento e outros requisitos; Durante o ciclo de vida de um projeto, devem ocorrer revisões relacionadas aos riscos.


9. O plano estratégico para orientar as atividades do programa de risco

Deve existir um plano estratégico de longo prazo, que aborde os objetivos gerais do programa de riscos, alinhados à estratégia de negócios.


10. As atividades de planejamento tático para o gerenciamento de riscos

As atividades de planejamento tático devem estar conectadas ao planejamento anual de TI, possuir objetivos trimestrais e revisões regulares.


11. As atribuições, responsabilidades e organização da função de gestão de riscos

As funções de monitoramento de políticas e de monitoramento e controles devem ser segregadas das funções administrativas e de implementação; Os conflitos organizacionais devem ser abordados de forma adequada; As funções de gerenciamento de risco e suas responsabilidades estão claramente definidas; Os responsáveis, conforme definido, devem cumprir suas funções e responsabilidades dentro da função de gestão de riscos; O programa de riscos deve possuir uma equipe bem dimensionada e qualificada.


12. O relacionamento do risco de TI com a gestão de risco corporativo

A identificação de um risco de TI deve ser reportada à uma estrutura ampla, corporativa, de gerenciamento de riscos.


13. O reporte do gerente de risco de TI

O gerente de risco de TI de uma instituição deve reportar para uma posição fora da organização de TI, para o comitê de risco ou ao board da instituição.


14. O detalhamento do programa de risco

Deve ser utilizado um framework de gestão de risco padronizado (ISO 27.005, RiskIT, AS4360, IRAM, COSO, M_o_R, PMBOK, etc.); Dados gerais de controle do computador como gerenciamento de vulnerabilidades, varreduras e dados de configuração devem ser automaticamente centralizados para alimentar relatórios e análises; Um processo formalizado foi implementado para garantir que os objetivos de negócio e seus direcionadores sejam efetivamente incorporados dentro dos objetivos da gestão de risco; Deve existir e ser mantido um catálogo de processos do programa de risco (lista documentada) de processos estratégicos e táticos relacionados com o programa, com os proprietários dos riscos claramente identificados; Deve ser implementado feedback cíclicos com base em análises de gap atualizada para melhorar os processos relacionados com o programa; Devem existir métricas de risco definidas que devem ser acompanhadas pelo gerente do programa de riscos; As métricas devem ser usadas para implementar a melhoria contínua dos processos de gestão de risco.


15. O detalhamento da gestão de controles e o controle dos objetivos

Deve ser utilizado ferramentas e automação para manter o mapeamento entre nossos controles e os objetivos de controle através de software de gerenciamento de GRC  (Governança, Risco e Conformidade).



16. O desenvolvimento da cultura de riscos

O risco deve ser tratado conforme o negócio é executado (de forma natural) e deve ser apropriadamente considerado para todas as principais decisões de negócio.


17. A compreensão do papel e da responsabilidade com os riscos

Deve existir um programa de conscientização para garantir que quem presta contas com riscos no âmbito do programa compreenda o seu papel e a sua responsabilidade.


18. O detalhamento sobre o programa de conscientização

O programa de conscientização deve ser formalizado (com objetivos formais definidos, módulos de formação disponíveis, métricas de conformidade rastreáveis são produzidas profissionalmente, etc.); O treinamento deve ser personalizado para todos os papéis e funções; Medidas de correção devem ser tomadas, quando as metas do programa de conscientização não forem alcançadas.



19. O detalhamento do controle do gerenciamento e supervisão

Devem ser criadas ações que enderecem as recomendações resultantes das avaliações de risco; Devem ser executados projetos que abordem as implementações de controle; Deve ser usado um método formal para o rastreamento de exceções; As exceções devem ser comunicadas periodicamente à administração; As exceções devem ser geridas de forma eficaz; O gerenciamento deve se responsabilizar sobre os riscos residuais, pois carregam responsabilidades e recompensas.


20. O registro de riscos corporativos

Deve haver um processo cíclico de rastreamento e informe de riscos conhecidos, técnicos ou de negócios.


21. O detalhamento sobre o processo de avaliação de riscos

Deve ser usado um método formal e eficaz para a identificação de riscos aplicáveis à instituição; Aos riscos devem ser atribuídos valore financeiros; Os riscos devem ser priorizados utilizando a qualificação e a quantificação; Deve ser usada uma metodologia formal de avaliação de riscos; Devem ser desenvolvidos planos formais de tratamento de riscos; Deve ser usada uma medida para o risco residual resultante de uma avaliação de risco.



Bem, da mesma forma que este questionário é utilizado para avaliar a maturidade sobre o tratamento dos riscos em uma instituição, também podemos, a partir desta relação, criar um checklist para apoiar na implementação da gestão de tratamento de riscos corporativos ou, até mesmo, executar uma avaliação de maturidade de riscos na instituição, caso a mesma já possua este processo institucionalizado.



My birthday!





Abraços e até o próximo post!