Vamos falar um pouco sobre matemática financeira, disciplina extremamente importante na avaliação de um investimento ou na opção entre investimentos, pois nossos recursos são sempre limitados e devem ser muito bem aproveitados...
Indicadores Financeiros
Um dos modelos de análise econômico-financeira mais importantes e utilizados para realizar a avaliação de investimento, em termos financeiros, é o modelo de Desconto de Fluxo de Caixa ou Fluxo de Caixa Descontado, que representa a análise, no valor presente (VP), dos fluxos de caixa futuros líquidos gerados (VF). A partir deste modelo vários indicadores financeiros poderão ser utilizados, como o VPL, a TIR, o IBC, o ROI, o Payback e o Ponto de Fisher.
Por ser um post não acadêmico e especificamente prático, não traremos a foco a discussão sobre as limitações do modelo de Fluxo de Caixa Descontado (estimativas falhas de fluxo de caixa), o risco de uma alternativa de investimento (estimativas falhas do risco e do custo da oportunidade embutidos na TMA), etc.
Ressaltamos que realizar um investimento (ou fazer a opção entre alternativas de negócio) infere em indisponibilizar algum recurso, durante determinado período de tempo, com o objetivo de aumentar a riqueza de sua instituição – que já definiu seu apetite por risco e conta com você para realizar a análise em vários indicadores ter certeza de que está tomando o melhor caminho!
Futuramente, falaremos em detalhes sobre cada um deles:
VP
– Valor Presente: é a ocorrência de um fluxo de caixa no momento atual; é a
ocorrência de um fluxo de caixa em um período futuro, mas trazida para o
momento atual por uma taxa.
VF
– Valor Futuro: é a ocorrência de um fluxo de caixa em um momento futuro; é a
ocorrência de um fluxo de caixa no momento atual, mas levada a um período
futuro por uma taxa.
VPL
– Valor Presente Líquido: é a riqueza a ser gerada em períodos futuros trazidas
a valores atuais por uma taxa.
TIR
– Taxa Interna de Retorno: taxa que representa a rentabilidade do investimento.
ROI
– Retorno sobre o Investimento: é o percentual de retorno sobre o investimento.
IBC
– Índice Benefício/Custo: representa a relação entre o valor presente das
entradas e o das saídas de caixa.
PPD
– Período de Payback Descontado: É o tempo de recuperação do investimento.
PF
– Ponto de Fisher: é a taxa mínima de atratividade que iguala o VPL entre dois investimentos.
Vamos começar entendendo o básico... o valor presente e o valor futuro.
VP – Valor Presente
Para esclarecer alguns conceitos
financeiros precisamos partir de algumas premissas:
- Certa quantia de dinheiro, hoje, vale mais que a mesma
quantia de dinheiro amanhã. Por quê? Porque com dinheiro nós podemos ganhar
dinheiro! O mínimo que você pode fazer é depositá-lo em uma caderneta de
poupança e aguardar pelo rendimento ao final de um determinado período (não
vamos trabalhar o conceito de inflação) – isto também é chamado de Custo da
Oportunidade.
- Analisando a afirmativa acima, inferimos que não
podemos comparar valores em tempos diferentes. Para comparar um valor presente
(VP) com um valor futuro (VF), levamos o VP até o mesmo tempo de VF ou, o mais
usual, trazemos o VF ao mesmo tempo do VP. Pode parecer confuso, mas rápido se
elucidará.
Vamos esclarecer utilizando um exemplo numérico prático:
Se você aplica R$1.000,00 em um investimento, rendendo 10% de juros aa (ao ano), ao final de 1 ano você terá R$1.100,00.
Se você aplica R$1.000,00 em um investimento, rendendo 10% de juros aa (ao ano), ao final de 1 ano você terá R$1.100,00.
Valor Presente (VP) = R$1.000,00
Valor Futuro (VF) = R$1.100,00 => transcorrido o período de 1 ano e com juros de 10% aa.
Assim sendo, o Valor Presente de R$1.000,00, após 1 ano e com juros de 10% aa, equivale ao Valor Futuro de R$1.100,00:
R$1.000,00 em t0 = R$1.100,00 em t1 (com a devida incidência dos juros).
VF – Valor Futuro
Vamos continuar explorando o
exemplo anterior, mas, agora, estendendo o período de investimento para 3 anos
consecutivos:
Fazendo uma correlação entre o Valor
Futuro e o Valor Presente, podemos afirmar que:
R$1.100,00 no próximo ano (VFt1) tem o mesmo
valor que R$1.000,00 hoje (VPt0);
R$1.210,00 nos próximos 2 anos (VFt2) tem o mesmo
valor de R$1.000,00 hoje (VPt0);
R$1.331,00 nos próximos 3 anos (VFt3) tem o mesmo
valor de R$1.000,00 hoje (VPt0).
Deste modo, verificamos que o
Valor Futuro é assim calculado:
VFt1: 1000 x (1 + 0,1) ,’, VP x (1 + i)
VFt2:
1000 X (1 + 0,1) x (1 + 0,1) ,’, VP x (1 + i) x (1 + i)
VFt3: 1000 X (1 + 0,1) x (1 + 0,1) x (1 + 0,1)
,’, VP x (1 + i) x (1 + i) x (1 + i)
Perceba que o multiplicador do VP se repete a cada ciclo para ocorrer a incidência de juros,
então, simplificando este multiplicador e considerando “n” a quantidade de
períodos de incidência de juros, chegamos à fórmula do Valor Futuro:
VF = VP . (1 + i)n
NOTA:
esta também é a fórmula dos juros compostos (quando os juros são incorporados
ao principal ao final de um período): Montante =
Principal x (1 + taxa)qtd períodos
Para se descobrir a fórmula do Valor
Presente, precisamos apenas isolar o VP na mesma fórmula do VF:
VP = VF / (1 + i)n
Vamos pegar o primeiro exemplo e trazer o Valor Futuro de t3 até t0, utilizando a mesma taxa de 10%:
VP = 1331 / (1 + 0,1)3
VP = 1331 / 1,331
VP = 1000
Foi fácil, não foi? Mas até o
momento só fizemos um aporte inicial (VP) e aplicamos a incidência da taxa (i)
a cada período para gerar os valores futuros (VF). No próximo post da sequência, vamos calcular o VP
com aportes de valores variados e em tempos diferentes.
REFERÊNCIAS
Abraços e até o próximo post financeiro...
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